segunda-feira, 19 de agosto de 2013

OS CAMUNDONGOS DA DITADURA VÃO VOLTANDO POUCO A POUCO PARA O LUGAR DE ONDE NUNCA DEVERIAM TER SAÍDO:OS PORÕES DA HISTÓRIA.

E OS LIBERAIS VÃO ATRÁS...






E os escândalos nas hostes liberais se sucedem a todo momento. É uma orgia de tapeações e corrupções cujas principais vítimas são, em primeiro lugar, a sociedade, e, em segundo, o Estado. Essa máquina capturada pela combiça, sede de poder e corrupção desbragada desses seres desprovidos de qualquer empatia não digo pela coisa (res), mas pelo elemento humano mesmo.

As denúncias sobre corrupção no mundo corporativo pipocam. E na maioria dos casos, a corrupção tem como centro a captura do aparato estatal e dos agentes que deveriam representá-lo e, assim, defender o seu principal patrão - a Sociedade. Mas não, esses delinqüentes não honram nem as calças que vestem.

Um a um vão sendo julgados pelo devido processo legal. Vários estão indo para a cadeia. Sim, porque em alguns lugares os poderes públicos ainda cumprem o seu papel, que é pôr na cadeia esses marginais, os riquinhos da iniciativa privada que querem meter a mão nos cofres públicos. A China talvez seja o maior exemplo. E lá os calhordas que se entregam à lógica liberal a partir do poder público e são pegos, levam uma punição pra lá de exemplar: são executados em público com uma azeitona certeira no côco...

Mas um outro fato tem demonstrado as entranhas da estratégia dos liberais em sequestrar o Estado. Falo dos agentes das ditaturas latino-americanas. Que foram brutais, que não tiveram nada de "ditabranda" conforme quer propagar a Falha de SP. Uma mentira. Mas compreensível já que chovem denúncias até hoje apontando o colaboracionismo desavergonhado desse órgão de contra-informação junto ao regime militar brasileiro. Esses e outros agentes serviram lacaiamente ao regime. A lista de empresas e liberais que cumpriram esse triste papel é imensa. E vai merecer um texto especial neste blog em breve. Mas advirto desde já que isso não pode ser encarado como acidental; episódico. Não meus amigos, não. O fascínio pelas ditaduras e golpes e o ódio doentio pela democracia estão no DNA desses facínoras, dessa cambada, desse esquadrão da morte do pensamento econômico.

Um a um os ratos da ditadura vão sendo rastreados, identificados e devidamente malhados. Como todo bicho asqueroso deve ser. A última audiência ocorrida na ALERJ foi um bálsamo a quem anseia por justiça e pela reconstituição da verdade sobre um dos períodos mais canhestros e bizarros de nossa história - que só perde em brutalidade para a escravidão, que vigorou no país até 1888. Em plena sessão um milico admitiu, algo raro por parte de um rato, que efetivamente participou de ações de tortura. 

E curioso, esses dois momentos (escravidão e ditadura) aterrorizantes de nossa história foram acintosamente apoiados e vivamente patrocinados pela corja dos liberais. Mais ou menos 50 anos separavam a geração dos liberais do século XIX em relação aos do XX. Mas tanto um quanto o outro, mesmo com um mundo que os separavam, primavam pela boçalidade e pelo desprezo pelo senso de humanidade, de justiça e pelos princípios democráticos. Os do XIX nunca cogitaram isso. Mesmo com a proclamação da República fizeram de tudo para expurgar os pobres das urnas. E mesmo com o fim da escravidão fizeram de tudo para continuar aviltando e massacrando a população negra (não à toa, os grupos mais descarados dessa quadrilha estão criando um Partido que tem como plataforma a supressão da política de cotas nas universidades....). Os do XX a suportavam (a democracia). Mas até que em 1964 jogaram a toalha. Com golpes de fuzil e apoio de tanques sequestraram a democracia e aterrorizaram a cidadania popular por longos e tenebrosos 21 anos. Na verdade jogaram o país e a democracia que vinha se consolidando num período sombrio. Sombrio para o povo, pois para eles os anos da ditadura se constituíram mum período de negócios sem igual. Nunca a iniciativa privada fez tanta farra. Foi um eldorado. Enquanto a democracia e os que lutavam por ela sucubiam nos porões da polícia política, os magnatas-liberais saboreavam e brindavam os acordos e negociatas bilionários em festivos banquetes e bacanais pelo mundo afora. O dono de uma montadora de carros chegou a organizar um banquetaço num hotel-cassino luxuosíssimo na austríaca Salszburg .

Mas a luta contra os agentes que patrocinaram esses crimes contra a humanidade e a economia popular não é fácil. Eles resistem. Estão criando até um partido (bancado por um banqueiro), fóruns e até um instituto, que funciona nos mesmos moldes dos famigerados IBAD e IPES do pré-64. Escondidos nessas paredes e sob a capa da palavra democracia(risos) e liberdade(sic) tramam golpes, projetos ditatoriais e extermínio de qualquer coisa que fomente a participação popular nas instâncias decisórias da política.

Assim é não apenas nestas bandas, como no restante de "Nuestra América". O exemplo do Paraguay é emblemático.

Ali, um magnata acaba de chegar ao poder, após o golpe que derrubou Fernando Lugo - golpe este festejado pela grande imprensa tupiniquim. (Até aqui falei alguma novidade???)

O referido magnata chama-se Horacio Cartes. Prócer do Partido Colorado. Partido ultra-conservador, corrupto e avesso à democracia efetiva. (Mais uma vez: alguma novidade???)

E de cara, ele já mostra ao que veio. Depois de assegurar que escolheria "os melhores técnicos" do país para formar seu gabinete (sempre esse papo paes-costiniano...), ele me vem com um tal de Eladio Loizaga. Seu passado só é vinculado à ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). 

Assim noticia o insuspeito O Globo:

Segundo denúncias em poder da Comissão da Verdade e Justiça Paraguaia, criada em 2004, Loizaga participou da Liga Anticomunista Mundial, foi um dos organizadores do Congresso Anticomunista Latino-americano e, através destas iniciativas, colaborou com a Operação Condor, o plano de ação conjunta entre as ditaduras do Cone Sul nas décadas de 1960, 1970 e 1980.

Que currículo hein. De tirar o fôlego. De embrulhar o estômago de qualquer democrata sincero. Mas de dar água na boca de qualquer liberal empedernido, mesmo o liberal que não gosta de ler (conforme admitiu um tresloucado esgoto-blogueiro da extrema-direita dias atrás).

E tem mais: 

O Chanceler [esse é o posto de Carter, a recompensa por servir a uma ditadura brutal] evita falar sobre seu passado e limita-se a dizer que nos anos da ditadura ele era, como muitos outros, apenas um funcionário que nada teve a ver com a perseguição a opositores.

Quando cinismo meu Deus. Mas nada mais liberal do que isso. Pois só assim para o magnata-liberal do Cartes nomer uma figura como Loizaga. O Globo ainda lembra,  

Estima-se que mais de 5 mil pessoas foram vítimas da repressão no Paraguai. Mais de 300 sobreviveram.

Mas para a desgraça dos carrascos da direita e dos liberais do Paraguay não apenas esses heróicos 300, como os familiares dos demais que foram exterminados por esse regime liberal-ditatorial, mas vastas parcelas da sociedade lutam, pressionam e exigem o resgate profundo dessa macabra história.  Estão recorrendo até à Justiça Argentina pela condenação dos colaboradores do regime paraguayo, o que a legislação paraguaia impede - muito similar a sua congênere brasileira. E aqui a Operação Condor acabou sendo uma armadilha para os vermes do regime, pois se não pode ser punido no próprio país, os milicos podem se-lo por crimes cometidos no país vizinho. 

Que o exemplo paraguaio ilumine a luta contra esse passado sombrio aqui em terras brasílicas. E que sirva de alerta às manobras cada vez mais insidiosas e alarmantes dos grupelhos liberais.








Leonardo Soares é professor, historiador e vermelho.

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